terça-feira, 9 de agosto de 2011

Bolsa Verde: vale a pena colocar sua vida em risco por R$ 300?


Na última quinta-feira (30), a ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, afirmou, durante aprimeira audiência pública no Senado para discutir a reforma no Código Florestal, que o governo tem discutido o papel da biodiversidade na erradicação da pobreza, e que o Programa Bolsa Verde seria um dos resultados iniciais dessa discussão.
O Programa Bolsa Verde irá se constituir em pagamentos trimestrais de R$ 300 para famílias pobres que ofereçam serviços ambientais – ações de conservação ambiental em florestas nacionais, reservas extrativistas e de desenvolvimento sustentável. Atualmente o governo está fazendo um levantamento para saber quantas famílias que habitam as unidades de conservação federal estão em estado de extrema pobreza.
Um programa parecido, também chamado de Bolsa Verde, já está em vigor no estado de Minas Gerais. O programa mineiro foi criado em 2008, e destina pagamentos a produtores rurais que já promovem a conservação, e também aqueles que desejam recuperar áreas desmatadas. Somente este ano o programa recebeu mais de 850 propostas de produtores rurais interessado em participar.
Diferentemente do programa mineiro, o Bolsa Verde do governo federal beneficiará famílias carentes que vivem em áreas de conservação, inicialmente apenas federal, mas o programa poderá ser expandido para outras áreas de conservação.
Um fato interessante do programa é que ele faz parte do Brasil Sem Miséria, programa do governo que objetiva retirar 16,2 milhões de brasileiros da miséria. O pagamento do Bolsa Verde será feito com o cartão do Bolsa Família. O programa Brasil Sem Miséria ainda prevê o treinamento e a capacitação de 1,7 milhões de pessoas entre 18 e 65 anos até 2015, contudo não ficou claro até o momento se as famílias atendidas pelo Bolsa Verde receberão capacitação para a realização das atividades ambientais.
Além do valor da bolsa ser bastante irrisório, as famílias participantes do programa terão um enorme empecilho para execução de suas atividades: lidar com madeireiros e grilheiros.  Você deve ter pensado, é fácil resolver essa situação, basta denunciar essas pessoas. Bom, não é assim tão simples… Vários extrativistas foram mortos por se recusarem a abandonar áreas de conservação, e por terem denunciado madeireiros e grilheiros. Como disse o João Paulo no post Mártires ambientais: acorda Brasil e olha a que ponto chegamos, foram cinco em menos de duas semanas, isso apenas no mês de junho.
O Bolsa Verde pode ser um bom programa de transferência de renda, e de apoio as famílias que desenvolvem atividades sustentáveis, mas se não tiver toda uma estrutura de apoio, com capacitação dessas famílias, além de medidas de proteção, fiscalização das áreas de conservação, e de punição de madeireiros e grilheiros, as famílias que aceitarem desenvolver atividades ambientais, e principalmente, a denunciar os invasores, estarão colocando suas vidas em risco.
Retirado do blog: http://essetalmeioambiente.com/




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